Alucinação, Delírio e Diferenças Entre
Si.
Você sabe
identificar e diferenciar alucinação de delírio? Tanto os delírios quanto as alucinações são
sintomas psicopatológicas diferentes entre si e presentes em doenças como:
Esquizofrenia, Alcoolismo, Alzheimer, Parkinson, dentre
outras. Neste breve texto, você saberá um pouco mais a respeito. Comecemos
com as alucinações.
Alucinação:
Conceito:
Trata-se de
um distúrbio na sensopercepção que se manifesta na percepção de
objetos ou de fatos inexistentes, ou seja, sem o estímulo externo. Mas, embora
se trate de uma impressão subjetiva, o sujeito tem a firme convicção de que viu
o objeto ou o fato.
Embora apresente
verossimilhança com o real, as alucinações não têm logicidade, tratando-se,
assim, de vivências totalmente impossíveis ou sem nexo. Desse modo, é
perfeitamente compreensível que a pessoa com alucinação vivencie situações
como: sapatos falantes, pessoas que ninguém vê, mas ela vê; vozes que ninguém
escuta, mas ela escuta; paredes que sangram, dentre outras improbabilidades.
Características:
Ausência do Objeto ou do Fato: as alucinações são experiências
sentidas pelo enfermo de modo bastante real, ainda que o objeto ou a ocorrência
não existam.
Subjetividade: como a alucinação vem do interno do sujeito,
a mente pode fazer com que o objeto ou o evento alucinado seja ainda mais
próximo ao real.
Invariabilidade da Forma: lembremo-nos do filme
“Uma Mente Brilhante”, onde um professor - personagem principal -, que sofria
de esquizofrenia, percebeu que embora ele visse a imagem de uma menina há
muitos anos, esta não mudava, não crescia, permanecia com a mesma aparência de
sempre: a de uma pré-adolescente.
Opacidade: o objeto encobre aquilo a que se
sobrepõe.
Na Base do Impossível: a alucinação não se manifesta na base do
“possível. Por isso a mente que alucina pode se imaginar: frente a frente de um
extraterrestre, batendo papo com um monstro de 7 cabeças, voando
num chinelo voador.
Alucinação Autoscópica: o paciente se vê fora de seu próprio corpo.
Diferentes Causas:
Entre as possíveis causas da
alucinação, encontramos: medicamentos, perturbações do sono - em
especial a sua privação -, fadiga, stress, medo, febre, infecções. Já entre as
psicoses podemos destacar: a paranoia e a esquizofrenia.
Tipos de
Alucinação:
Alucinações
Auditivas: audição dos
próprios pensamentos, de vozes, de cantos (O Canto da Sereia, seria um
delírio?), do próprio nome, de pessoas conversando, de pássaros cantando e etc.
Alucinações Visuais: percepções visuais de
objetos que não existem, de pessoas que ali não estão, de monstros, de sapatos
que falam, de pessoas que não se encontram no local, de ETs, de seres
espirituais, de seres das trevas; são tão reais para a pessoa que as vive,
que estas idéias não conseguem ser removidas pela argumentação lógica.
Alucinações Táteis: sensação de areia pelo
corpo, percepção de um membro que não existe mais - experiência muito comum em
pessoas que sofreram amputação -, esta impressão de que o membro se encontra
presente, permanecerá até que seja formada no sujeito uma nova consciência
corporal.
Alucinações Olfativas: também conhecida como fantosmia,
refere-se à percepção de odores - agradáveis ou não -, sem que haja estímulo
olfativo relativo. Hiperosmia é o nome dado à esta percepção exagerada de
odores.
Alucinações Cinestésicas: é a sensação de que os
órgãos, ou um órgão está se movendo, caminhando pelo corpo, saindo. Seja, o
figado, os olhos, a língua, o coração ou qualquer outro.
Delírio
Conceito:
O delírio é
uma ideia, um pensamento, uma crença inabalável, uma
convicção irremovível que não corresponde à
realidade.
De maneira geral, é uma distorção daquilo que
de fato existe, por
uma mente que se encontra enferma.
As idéias, pensamentos e crenças – doentias ou não
-, representam
a vida psíquica de uma pessoa. Esta, a vida
psíquica, advém de suas
experiências e vivências.
Nos casos patológicos, há situações em que o
paciente passa a viver em um mundo autístico, como se este fosse
real, completamente absorto nessa “nova realidade”. A pessoa acredita, por
exemplo que está sendo seguida, perseguida ou vigiada, que existem pessoas e ou
câmeras que a espionam. Segundo a pessoa - que está a delirar -, os outros
fazem isto porque: a amam e a querem só para si, precisam do seu grande
conhecimento científico e para usufruir deles querem sequestrá-la, porque a
odeiam e, por isso, desejam destruí-la, matá-la, enfim... as justificativas são
as mais diversas.
Vale ressaltarmos que no delírio não há alteração
da inteligência ou da consciência do sujeito.
Características:
Convicção extraordinária: o delírio é algo tão real para a pessoa que
delira, que para ela é realidade.
Conteúdo Impossível: o conteúdo não tem nexo.
Insusceptibilidade à influência: a pessoa se fecha a qualquer outra
possibilidade, não aceitando quando familiares e amigos lhe dizem que aquilo
não é verdade.
Diferentes Causas:
Doenças crônicas, doenças graves, infecções, febre,
Parkinson, Alzheimer, uso de determinados medicamentos, uso de drogas,
Psicoses, outras possibilidades, há.
Tipos de Delírio:
Delírio Somático ou Hipocondríaco: a pessoa se queixa de defeitos físicos, sintomas,
deformações que não existem. Por exemplo: alega que está emitindo um cheiro
podre pela boca, alega que ele está infestada de insetos, que existem vermes
sob a sua pele ou que seus órgãos estão parando de funcionar.
Delírio Persecutório ou de Perseguição: a pessoa crê
que está sendo espionada, filmada; que estão falando mal dela, que estão
tentando sequestrá-la, matá-la, enfim...
Delírio de Grandeza: a
pessoa se sente melhor que as outras. Acredita ser a pessoa mais bonita do
mundo, ou a mais rica, a mais inteligente, a mais importante, ou a mais...
qualquer outro adjetivo.
Delírio de Ciúme: a
pessoa crê - sem motivo que de fato justifique -, que o seu companheiro (a)
está lhe traindo.
Delírio de Influência: neste, a pessoa acredita
que o que seu pensamento está sendo controlado por outra, ou por outras
pessoas.
Delírio Erotomático: a
pessoa imagina um amor romântico com um certo alguém - normalmente uma
celebridade: Madonna, Anita, Ronaldinho, enfim... -, este alguém, segundo
a pessoa que delira, encontra-se perdidamente apaixonado(a) por
ela.
Delírio Melancólico ou de Ruína: a
pessoa acredita que acontecerá algo terrível e não há nada que ele possa fazer
para evitar a situação.
Distinguindo Alucinação de Delírio:
Alucinação:
1 - Ouvir uma música que não está
tocando.
2 - Ver um prato de macarronada em
cima da mesa, quando não há nada em cima da mesa.
Delírio:
1 - Ouvir uma música que de fato está
tocando, mas achar que esta é enviada por seguranças para avisá-lo (a) que
seres extraterrestres estão invadindo a sua casa.
2 - Ver vermes num prato de
macarronada que está em cima da mesa.
Atentemo-nos de que os delírios são
interpretações erradas da realidade que circunda o sujeito. A pessoa
distorce os estímulos que chegam até ela e se mantém inabalável e convicta do
fenômeno delirante.
Observemos atentamente que nem tudo
deve ser visto como um delírio, muitas vezes pode se tratar de uma ideia
delirante ou um mero engano.
Vale ressaltarmos, que tanto o delírio
quanto a alucinação são sintomas de enfermidades psíquicas que precisam ser
devidamente tratadas, a tempo, por profissionais realmente especializados para
tanto. Deve-se procurar: um neurologista, psicólogo ou psicanalista
e um psiquiatria.
Ps:. Texto sujeito a atualizações.
Referências:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142013000200008
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-62952012000100010&lng=pt&nrm=iso
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/esquizofrenia-e-transtornos-relacionados/transtorno-delirante
Paim,
Isaias. Curso de Psicopatologia. SP, Grijalbo, 1976
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142014000300416